Como surgiu?

O blog é o resultado de pesquisa desenvolvida na disciplina de Criminologia, do curso de Direito da UFSM, ministrada pelo Prof. Dr. Salo de Carvalho. A proposta de investigação era a de observação de uma questão criminológica que envolvesse a cidade de Santa Maria-RS. Após a escolha do problema de pesquisa, o grupo criou o blog "Insiders" como um canal de diálogo com os corpos discente e docente da Faculdade.


Acadêmicas: Alice Lucena, Ana Luiza Espindola, Camila Carilo, Érica Dutra, Fernanda Lenz e Mariana Salla.

sábado, 20 de julho de 2013

Mais um da Bruna Surfistinha

Achei esse vídeo na capa do site Yahoo!. Traz Raquel Pacheco, a famosa Bruna Surfistinha, falando novamente sobre sua ex-profissão e mais alguns pontos bem interessantes como o projeto de lei que visa a regularização da prostituição no âmbito trabalhista. Ela é bem engraçada em alguns pontos também, contando histórias da época em que exercia a atividade. É curtinho e bem legal! Por isso, assistam e comentem!

quinta-feira, 18 de julho de 2013

VÍDEOS

Prostituição masculina:



Reportagem - Profissão Repórter:

Reportagem - Conexão Repórter:

O consagrado filme da Bruna Surfistinha (torrent):

CAUSAS DE AUMENTO DA CIFRA OCULTA - "Sujar o nome"

         Durante as entrevistas, as profissionais que responderam que não registrariam boletim policial no caso de sofrerem agressão física foram questionadas sobre qual a razão para essa omissão.
          Algumas das respostas encontradas já foram anteriormente expostas, como o preconceito e o fato de não resultar em uma resposta jurídica ao ofensor. Nesse contexto, a resposta mais encontrada foi que fazer registro de ocorrência "mancha o nome delas".
         Segundo as profissionais, aquela que fizer boletim de ocorrência e tomar medidas toda vez que for agredida será vista pelos clientes como "encrenqueira" e perderá a procura pelo seu serviço. Diante da necessidade econômica das entrevistadas e de elas precisarem da procura dos clientes para o seu sustento, elas acabam se sujeitando a sofrer violências caladas a passarem necessidade. 
          Assim, constata-se que as profissionais do sexo são um grupo de extrema vulnerabilidade social. Além de ser relativamente comum elas sofrerem agressões no trabalho, aquela que se insurgir contra tal comportamento será mal vista pelos clientes. Nesse sentido, é preciso uma atenção especial do poder público para proteção desse grupo vulnerável. Abaixo, veja alguns comentários das entrevistadas obre o assunto:

“Não faço (denúncia) por que suja o nome da gente, é pior fazer eu acho.”
“(sobre por que não faz ocorrência) para não expor meu nome”
“Os resultados não sei, fiz a ocorrência e depois tive que ir viajar, saí da cidade, nem sei o que aconteceu.”


         De tal forma, se constata que as profissionais do sexo vivem situação semelhante à dos trabalhadores celetistas. Assim como muitos destes evitam ajuizar ações na Justiça do Trabalho pelo temor de ficarem conhecidos como “encrenqueiros” e não conseguirem mais emprego, aquelas também evitam fazer denúncias das violências sofridas pelo medo de perderem seus clientes, ou seja, seu meio de subsistência. 

CAUSAS DO AUMENTO DA CIFRA OCULTA - Ausência de resposta jurisdicional

Ao longo da entrevista, as profissionais do sexo demonstraram certa insatisfação com a resposta jurisdicional dada aos registros de violência feitos por elas. Certamente, saber que elas precisarão se expor, se envolver com questões judiciais e, no fim, não obter resultado algum, é uma fato desestimulador.
Segundo entrevistada, a ideia existente é que, se ocorreu essa agressão, a profissional do sexo é que deve ter dado causa a ela. Provavelmente, essa equivocada presunção se relaciona com o preconceito ainda existente no que diz respeito a essa profissão. Se não há essa presunção com relação às agressões a outros profissionais, elas deveriam não existir em relação às profissionais do sexo, entretanto, como uma entrevistada afirmou, “As pessoas acham que as profissionais do sexo não são gente normal.”
Sobre isso, veja a resposta de uma entrevistada:

“Nunca dá em nada, os caras acham que a gente que provoca as brigas, que os caras é que não vão querer se incomodar, então a culpa ainda fica na gente mesmo.”

CAUSAS DO AUMENTO DA CIFRA OCULTA - O preconceito

Conforme já visto em posts anteriores, é concreto o preconceito que existe atualmente em detrimento das profissionais do sexo. Tendo em vista que o Direito não é completamente independente da moral, diversas consequências jurídicas desse preconceito já as prejudicaram. Exemplo disso é que apenas recentemente tal profissão passou a ser reconhecida para fins de direitos de previdência social.
Nesse contexto, foi perguntado às profissionais entrevistadas como elas se sentiam aos olhos da sociedade no que diz respeito à sua profissão. Constatou-se que ainda hoje há preconceito e que ele está presente desde o ambiente familiar, até as relações sociais. Sobre isso, veja algumas das respostas a esse questionamento:

“As pessoas acham que as profissionais do sexo não são gente normal.”
“Já fui bem mal tratada quando falava que era prostituta, mas agora não falo mais abertamente e então as pessoas me tratam normal.”
“(sobre a existência de preconceito) das pessoas em geral é obvio que sim, não saio contando o que faço para me sustentar.”
Claro que somos tratadas diferentes. Os caras querem só sexo, imagina se eles vão te querer para casar, muito raro uma de nós arrumar marido nesta vida. Mas também nem queria mesmo.
Eu não to nem aí para o que acham, eu faço o que quiser comigo mesma. Mas claro que há preconceito, sim. Vai dizer numa loja 'profissão: prostituta' pra ver a cara que te olham.
“A minha família não pode saber da minha profissão, eu saio de casa dizendo que vou para festas, dormir na casa de amigos, tipo assim.”

Dessa forma, foi também constatado que o preconceito está presente, por vezes, nos servidores do Estado que devem atendê-las no momento em que forem registrar uma violência contra elas. Os olhares diferentes na Delegacia, no momento de explicar de que modo ocorreu o fato, com certeza fazem as profissionais repensarem se há vantagem de fazer ocorrência policial diante da situação constrangedora a que elas precisarão se expor.
Esse preconceito na delegacia no momento de registrar a ocorrência também é relatado pelas entrevistadas:

“(em relação ao momento de registrar a ocorrência) Mas vi que os caras me olhavam diferente, tipo me avaliando.

RESULTADOS DA PESQUISA - As diferenças entre o comportamento imaginado e o que realmente ocorre


Durante as entrevistas, foi questionado às profissionais se elas já sofreram alguma violência no âmbito do trabalho e qual foi sua reação a tal situação. Àquelas que nunca sofreram nenhuma violência, questionou-se qual seria sua reação.
Em relação a tais perguntas, constatou-se que as profissionais que ainda não sofreram nenhuma violência são tão somente aqueles que trabalham há pouco tempo no ramo, visto que as veteranas nesta área já foram agredidas. Esses resultados induzem a um lastimável prognóstico de agressões às profissionais do sexo que permanecerem por mais tempo trabalhando nesse campo.
Nesse contexto, aquelas que já foram agredidas afirmaram que não fizeram registro policial ou que já fizeram, mas se arrependeram e não fariam novamente. Por outro lado, as que ainda não sofreram agressões afirmam de forma convicta que fariam registro policial, sim, no caso de serem vítimas de violência.
Evidencia, assim, uma discrepância entre as intenções e as ações efetivas das profissionais do sexo em relação às situações em que são vítimas de violência. Percebe-se que, quando o caso é analisado de forma hipotética, elas possuem sérias intenções de registrar ocorrência de agressões sofridas. Entretanto, quando a hipótese abstrata se concretiza, algo as desencoraja a adotar providências contra tais ofensas. Cabe, pois, analisar que causas desencorajadoras são essas que acarretam um aumento na cifra negra de criminalidade no ambiente de trabalho das profissionais do sexo.

PESQUISA - A REALIDADE DAS PROFISSIONAIS DO SEXO

Aplicando um questionário a oito profissionais do sexo de uma casa noturna da cidade, procurou-se obter informações para enriquecer nosso entendimento sobre o assunto e apresentar um trabalho fidedigno com a realidade destas profissionais na cidade de Santa Maria RS.
A entrevista foi realizada no próprio ambiente de trabalho, fora do horário de expediente, e os resultados foram de grande valia para nossa atividade acadêmica.
As perguntas foram formuladas pelo grupo, após o consenso de que deveriamos realizar este trabalho sem invadir a privacidade das profissionais do sexo e de seus clientes, nem a casa trabalhada. 

Perguntas
1- Qual a sua idade?
            Profissional n.º 1: 26 anos
            Profissional n.º 2: 19 anos
            Profissional n.º 3: 35 anos
            Profissional n.º 4: 21 anos
            Profissional n.º 5: 29 anos
            Profissional n.º 6: 24 anos
            Profissional n.º 7: 33 anos
            Profissional n.º 8: 24 anos

2- Quanto tempo de profissão?
            Profissional n.º 1: 4 anos
            Profissional n.º 2: 1 ano
            Profissional n.º 3: 8 anos
            Profissional n.º 4: 1 ano e meio, mais ou menos
            Profissional n.º 5: 6 anos
            Profissional n.º 6: 3 anos
            Profissional n.º 7: Faço desde os meus 22 anos, então isso dá 9 anos, é tempo, hein!
            Profissional n.º 8: 5 anos

3- Qual o local do seu trabalho?        
            Profissional n.º 1: Casa noturna e motel
            Profissional n.º 2: Casa noturna
            Profissional n.º 3: Já fiz programa na rua, mas hoje em dia só na casa noturna pela segurança que tem.
            Profissional n.º 4: Iniciei na noite da cidade, nas festas, mas o movimento diminuiu, daí vim para a casa noturna.
            Profissional n.º 5: Anuncio e faço aqui.
            Profissional n.º 6: Só aqui (na casa noturna).
            Profissional n.º 7: Atualmente trabalho onde me chamam, mas já fiz trabalho de rua, por anúncio e por intermédio de clientes mesmo que indicam.
            Profissional n.º 8: Prefiro fazer no meu apartamento, mas venho aqui (casa noturna) quando o movimento está bom e me chamam.

4- Você trabalha para alguém ou por conta própria?
            Profissional n.º 1: Para a casa noturna e também por conta própria
            Profissional n.º 2: Somente para a casa noturna
            Profissional n.º 3: Faço programa aqui (na casa noturna) e às vezes faço programas particulares com clientes mais antigos.
            Profissional n.º 4: Faço programa por telefone, e aqui (casa noturna)
            Profissional n.º 5: Faço os dois
            Profissional n.º 6: Trabalho só na casa.
            Profissional n.º 7: Os dois.
            Profissional n.º 8: 90% do meu trabalho é por conta própria, mas trabalho aqui um pouco.

5- Você tem segurança pessoal?
            Profissional n.º 1: Não, somente os [seguranças] da casa.
            Profissional n.º 2: Não
            Profissional n.º 3: Não
            Profissional n.º 4: Não tenho um segurança, mas tenho a minha própria segurança (spray de pimenta).
            Profissional n.º 5: Não
            Profissional n.º 6: Não
            Profissional n.º 7: Não.
            Profissional n.º 8: Não, mas faço luta na academia.

6- Você já sofreu algum tipo de violência no seu trabalho?
            Profissional n.º 1: Sim
            Profissional n.º 2: Não
            Profissional n.º 3: Sim
            Profissional n.º 4: Violência física não, mas verbal sim.
            Profissional n.º 5: Sim
            Profissional n.º 6: Não
            Profissional n.º 7: Uma vez só
            Profissional n.º 8: Uma vez roubaram minha calcinha, isso também é crime, né? hahahah

7- Com qual frequência acontecem os delitos contra você?
            Profissional n.º 1: Raramente
            Profissional n.º 2: -
            Profissional n.º 3: É difícil dar problema, mas quando eu trabalhava na rua era complicado, pois, se não pagavam antes, depois sempre dava discussão.
            Profissional n.º 4: Difícil acontecer.
            Profissional n.º 5: Muito difícil dar briga.
            Profissional n.º 6: -
            Profissional n.º 7: Uma única vez
            Profissional n.º 8: -

8- Quando há violência qual o procedimento habitual a fazer? Faz ocorrência?
            Profissional n.º 1: Não fiz ocorrência.
            Profissional n.º 2: Se sofresse algum tipo de violência, faria a ocorrência, sim.
            Profissional n.º 3: Olha, eu já fiz ocorrência, agora não faria mais.
            Profissional n.º 4: Nunca precisei.
            Profissional n.º 5: Fiz ocorrência porque apanhei mesmo, mas dei também, dai fiquei com medo de ele fazer a ocorrência primeiro e eu ter problemas.
            Profissional n.º 6: Se eu sofrer alguma agressão um dia, farei a ocorrência com certeza.
            Profissional n.º 7: Não faço ocorrência.
            Profissional n.º 8: Ocorrência não.

9- Por quê? Quais os resultados?
            Profissional n.º 1: Para não expor meu nome.
            Profissional n.º 2: -
            Profissional n.º 3: Nunca dá em nada, os caras acham que a gente que provoca as brigas, que os caras é que não vão querer se incomodar, então a culpa ainda fica na gente mesmo.
            Profissional n.º 4: Como não vivi nenhuma situação assim, não sei se faria ou não, mas acho que sim.
            Profissional n.º 5: Os resultados, não sei, fiz a ocorrência e depois tive que ir viajar, saí da cidade, nem sei o que aconteceu. Não senti preconceito direto. Mas vi que os caras me olhavam diferente, tipo me avaliando
            Profissional n.º 6: -
            Profissional n.º 7: Não faço porque suja o nome da gente, é pior fazer eu acho.
            Profissional n.º 8: -

10- Alguma vez você já se sentiu tratada diferente por causa da sua profissão?
            Profissional n.º 1: As pessoas acham que as profissionais do sexo não são gente normal.
            Profissional n.º 2: A minha família não pode saber da minha profissão, eu saio de casa dizendo que vou para festas, dormir na casa de amigos, tipo assim.
            Profissional n.º 3: Eu não to nem aí para o que acham, eu faço o que quiser comigo mesma. Mas claro que há preconceito, sim. Vai dizer numa loja “profissão: prostituta” pra ver a cara que te olham.
            Profissional n.º 4: Poucas pessoas sabem o que faço, fora do meio. Mas com as que sabem não tive nenhum problema.
            Profissional n.º 5: Claro que somos tratadas diferentes. Os caras querem só sexo, imagina se eles vão te querer para casar, muito raro uma de nós arrumar marido nesta vida. Mas também nem queria mesmo.
            Profissional n.º 6: Se me tratarem diferente, faço outra ocorrência. Aah, faço!
         Profissional n.º 7: Quanto ao tratamento dos clientes não, eles que nos procuram, né? Mas, das pessoas em geral, é obvio que sim! Não saio contando o que faço para me sustentar.  
            Profissional n.º 8: Sim, já fui bem mal tratada quando falava que era prostituta, mas agora não falo mais abertamente e então as pessoas me tratam normal.